domingo, 26 de maio de 2013

A espera do final feliz

Cansada da correria do dia-a-dia tudo o que ela quer é encontrar o que lhe relaxa e traz conforto. Chega em casa, pega o controle e liga a TV na esperança de assistir algo diferente. Está passando um filme que nunca viu, mas estranhamente familiar a tantos outros que compõe seu histórico cinematográfico. Mudam os nomes, os protagonistas, o lugar da história e às vezes até o tempo que as coisas demoram para acontecer. Na falta de algo melhor naquele momento ela insiste e assiste, do início ao fim. Na verdade ela não nega que no fundo tem esperança de ser surpreendida com um final diferente. Todo dia o ritual se repete e os finais permanecem os mesmos. Com o tempo ela vai cansando de tudo igual e aquela esperança das coisas mudarem vai morrendo aos poucos. Ela começa a subestimar todos os filmes novos e já começa a assisti-los com o desdém de quem tem a certeza de que vai se deparar com um final que não lhe agrada. Talvez, deixar a TV de lado seja a melhor opção para evitar a decepção diária. Mas com a TV desligada sempre fiará a dúvida: será que aquele filme especial realmente existe e vai passar justamente hoje? Nesse momento seu coração se divide entre correr o risco de continuar com os mesmos finais para o resto da vida ou fugir, abdicando da oportunidade de se encantar com a felicidade que pode ser encontrada entre um e outro. Então ela decide apertar o MUTE e sair do sofá, apenas pra passar um tempo em silêncio ouvindo seus próprios pensamentos, dando um tempo na mesmice e se recuperando para voltar à maratona cinematográfica. Quem sabe não é na próxima que vem o final feliz?